O túmulo da menina sem nome.





Dia de Finados no Cemitério de Santo Amaro, localizado na área central do Recife, sempre remete a uma das lendas urbanas mais famosas do Recife. É dia de prestar homenagem à menina sem nome, como é conhecida a garota enterrada como indigente em 22 de junho de 1970. Devotos atribuem à criança o poder de realizar milagres e por isso depositam todo tipo de súplicas sobre o túmulo.

Uma mãe que sofre por ver o filho envolvido com drogas, pede à menina sem nome, considerada uma santa católica popular (aquela que não é reconhecida pela Igreja), que tire o rapaz desse caminho. E que ele volte a ser calmo como era antes. “Tire esse sofrimento de mim”, apela.

Outro bilhete colocado no túmulo solicita da menina sem nome ajuda para resolver um caso de traição. “Eu peço a você que afaste meu marido daquela mulher. Se eu alcançar, eu trago um presente”, promete a  devota.

Num pedacinho rasgado de papel, uma mulher apela à garota que interceda junta a Jesus Cristo e a Deus, para um parente largar o vício da cachaça e uma parente deixar de gostar do namorado. De quebra, quer ajuda para pagar as dívidas financeiras que se acumulam a cada dia.

A menina tratada como santa milagrosa pelos pernambucanos foi encontrada morta na Praia do Pina, Zona Sul do Recife. Aparentava dez anos de idade e indícios de violência sexual. A família nunca procurou o corpo da criança, que acabou sendo enterrado como indigente em Santo Amaro.

Mesmo sem ter parentes para cuidar do túmulo, o lugar onde está sepultada está sempre limpo, decorado com flores, ex-votos, jarros, velas e brinquedos. De acordo com funcionários do cemitério, o jazigo é mantido pelo povo.

Uma placa informa aos visitantes a breve história da garota: “Menina-sem-Nome. Sofreste na terra, mas por prêmio ganhaste o céu.”

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