Livro (Eu, o clone)2

As minhas regressões finalmente acabaram, e como havia dito, após ter feito minha 1ª eu me tornei ajudante do mestre Aureliano.
Mestre Aureliano tinha um segredo que provavelmente levou para o crematório , Ele por muitas vezes ficava trancado no seu escritório observando a palma de sua mão direita por horas e em algumas vezes vi lagrimas rolando do seu rosto, as quais ele recolhia num pequeno tubo de ensaio. Quando ele estava no seu leito de morte, pediu para o seu enfermeiro Gustavo me chamar. Fui ao seu encontro e ficarmos a sós, ele me pediu para recolher a sua última lagrima e guardá-la como se fosse um tesouro, lagrima que ele iria verter após o seu último suspiro, ele sabia o momento exato da sua morte, e no momento exato dia 27/03/2004 as 04:00 da manhã eu estava lá, vi o seu último suspiro e como ele havia pedido recolhi sua última lagrima.
Tesouro, o que faria eu com 4 ml daquele liquido. No crematório seu filho Junior me pediu as chaves do seu escritório e disse que esperava que ñ faltasse nada que pertencia a seu pai. Eu lhe disse que tudo que o pai dele tinha me deixado de herança estava dentro de minha cabeça e dentro de um frasquinho. A galeria do crematório estava repleta, as maiores autoridades da área medica e da psiquiatria moderna estavam lá sem contar com todos os seus alunos e alunas de todas as épocas.
Estava em casa quando o telefone tocou. Era o filho do professor pedindo para ver o que tinha dentro do frasquinho, eu lhe desse que estava dentro da geladeira numa caixinha de isopor. Ele esteve em minha casa e disse que ñ concordava com os métodos usados pelo seu pai, no tocante à terapia psíquica usada por ele e que eu fizesse proveito daquilo que estava no tal frasquinho, o idiota ñ sabia o que tinha lá dentro pois o lacre que pus no tubo de ensaio ( frasquinho) ñ havia sido rompido, pois tratava-se do bem mais precioso do seu pai, as suas próprias lagrimas. 20 dias após a sua cremação era a data prevista para recolhimento das cinzas do professor. Eu liguei para ele “o filho”, para comunicar que o crematório havia liberado as cinzas. Ele disse: Vc pode recolher para mim? Sim respondi. Fui ao crematório recolhi a cinzas, coloquei numa urna e levei até a casa dele (Casarão onde morava o professor), onde existia sua biblioteca, toquei a campainha da casa e quem veio atender foi a nora do professor dizendo: Pode levar isso daqui. Isso aqui é o que restou do pai do seu marido, A senhora pode chamar ele por favor? Perguntei! Ela disse: péra ai. Esperei quase meia hora então veio ele com um olhar raivoso dizendo: Pode levar isso daqui, então eu disse baixinho. Seu pai tinha um grande carinho pelo pé de jabuticaba da casa da praia e vivia falando que gostaria que suas cinzas fossem depositadas lá. Está querendo dinheiro né, quanto quer para levar isso daqui. Disse o sacripanta. Eu faria isso gratuitamente mais disse : Quanto você acha que vale esse serviço ? Ele entrou em casa falando para mulher que estava observando tudo da janela: Ele ta querendo é dinheiro! Voltou com um cheque na mão dizendo some ! Eu olhei o valor e disse : A outra parte eu aceito em dinheiro mesmo ( Aquele infame, era rico e ficou muito mais após a morte do pai, que ele ñ via há mais de 20 anos). Falei para ela escutar. Ela gritou de lá : dá quanto esse filho da puta quiser mais ñ quero isso aqui. Ela veio de lar com um pacote com mil reais e me entregou falando cai fora. Deu vontade de sem querer querendo, deixar a urna cair no chão e encerrar tudo ali mesmo, mais o professor ñ merecia isso. Falei para ela, “Meu mestre tinha razão”. Fui até Caraguatatuba, cheguei na casa do professor e chamei o caseiro Chico. Ele veio e disse: Já estou sabendo, o filho do professor, ligou, e pediu para eu deixar o senhor fazer o que tem que fazer e ir embora. Coloquei as cinzas na jabuticabeira, e fui embora. Fiquei com cerca de vinte gramas das cinzas pra mim, e foi aí que esse ciclo se encerrou.

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